quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

POEMA CURITIBANO nº23 - CRUZ MACHADO

diante da cruz floresceu o pecado
não queria luz quem se fez machado
e quem não te conduz, mesmo em frente a ti pregado
em nome de Jesus, foi te olhar de lado

24/08/07

POEMA CURITIBANO nº9

Passo com pressa
Poetas patetas
Palhaço sem graça
Criança descalça
Bondinho encalhado
Progresso avançado
E o punk me pára
Pedindo um pilinha
Pra uma pinguinha
Pedi o panfleto?
Panfleto me pede
Que pague a prazo
Em 30 parcelas
E é só no futuro
Que paga a primeira
Vou lá na feirinha
Comer pierogue
O piá me pedindo
- Te pago pamonha
E o outro pulando
De ponta
Pelado com o pinto pra fora
Naquela piscina
Pinga na moça
Que come pinhão
E a moça já puta
Me chama a polícia
E pede a prisão
- Prisão preventiva
Praquele pivete
Que pode pegar
Qualquer dia desses
Uma faca de ponta
E põe no meu peito!
Eu passo apressado
Pra não me pegarem
Com aqueles moleques
To frito se pegam.
Passei da polícia
E passo na frente
De um outro palhaço
Que agora me segue
Me faz de piada
Pra que todo povo
Me mande risada
Prefiro que riam
Mas fico sem graça.
Me param de novo
Pedindo que faça
Cartão lá da loja
- Não quero querida
- Não vai pagar nada
- Não tenho mais grana
-Cartão é de graça
-Já to no Serasa
-Responda a pesquisa
-Não quero querida,
Só quero ir pra casa.
Agora me diga
Poeta Paulo
Passando na rua
O que pensaria
Onde tudo pulula?
Se andava e pensava
De certo pirava.

17/10/05

POEMA CURITIBANO nº 25

a Boca
é a boca banguela
e tão velha
de tão matutina
dos velhos democratas safados
de mal-dizer rendeiro
banhado a cafeína.

2007

POEMA CURITIBANO nº18

Sol de inverno
Azul nos vãos eterno
Gostoso frio do inferno
Curitiba é muito linda
Em poemas de caderno.

20/04/06

POEMA CURITIBANO nº 20 - SOL DAS 5

sol das 5
sem afinco
refletindo
nos vidros
dos prédios
sobrando
no zinco,
do influxo
das pessoas
(sem apuro)
e dos lucros
sol ausente
que se esconde
bem abaixo
de uma linha
de horizonte
de concreto
sol secreto
em gramas
em parques
e em varandas
de roupas
que não secam mais
hoje
bem longe
do centro
sol das 5
vai indo
vai
na noite
diluindo;
um sol da XV
já mais calma –
não é que ela quase tem alma?

10/05/06

POEMA CURITIBANO nº10

De dia as pedras do chão do largo se calam.
Escondem a noite.
Quem resta se vai ou cai
Como pedra
Bêbado,
Que como pedra
Cala.
Não fala da noite
Nem mesmo sem
Nexo em
sua fala.
O largo se volta,
Se olha em seu centro,
Por todos os lados
Parado no tempo
E esconde do vento
O que fica parado.
A todo momento
Centrífuga a dentro,
Presente e passado.

27/10/05

SANTOS ANDRADE – ou, OS POMBOS

a Raimundo Correia

Por ora creio que estes pombos são monárquicos,
Pelo menos no que se refere às suas cagadas reais
Nas efígies republicanas de nossas praças -
Símbolos máximos nacionais,
Gênios de nossa raça.
Que diria o Victor ou a Júlia
Cujas cabeças, outrora enaltecidas,
Servem hoje de urinol de suas majestosas vazadas amanhecidas.
E nem mesmo Tiradentes,
Marechal ou presidente
Os mal-criados poupam
E cagam solenemente!
E nada mais radical
Que esta revoada matinal
Dos pombos da Santos Andrade
A cagar em todo o pessoal –
Vivo, morto, puta, padre –
Que se atreva a uma praça central.
Quanto a tu, Universidade,
Teu passado é visceral!
Outrora foras monturo –
Não que hoje o tenhas negado –
Mas nem intelectual apontando o futuro
Deixará de ter seu busto cagado
Por um pombo marginal.
Da Júlia, o avental;
No Victor, da testa à fossa nasal;
Do pombo,
O diâmetro do rombo
De seu orifício anal.

17/11/04